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Resenha - Livro Virando a Própria Mesa de Ricardo Semler


O livro relata a história de Ricardo Frank Semler, um brasileiro, que desde sua infância já fazia coisas surpreendentes, como fazer mais de duas coisas ao mesmo tempo, estudar, ouvir música e assistir televisão, tudo isso ao mesmo tempo e ainda conseguir absorver o conteúdo dos estudos. Na fase da adolescência, o jovem roqueiro de cabelos longos, além de treinar com sua banda de rock, atuou como líder estudantil e teve a oportunidade de gerenciar a lanchonete de sua escola a fim de garantir verbas para a festa de formatura, e soube muito bem realizar essa tarefa que trouxe bons resultados. Quando jovem estabeleceu uma lista de desejos, onde um de seus sonhos era ingressar na Universidade Harvad, uma das melhores do mundo. E após duas tentativas, ele quase desistiu, mas em um de seus passeios perto da universidade comprou uma moeda do cobrador do metrô, dizendo que utilizaria quando retornasse a universidade para estudar, lembrando-se disso, escreveu uma carta à Universidade criticando a forma como eles selecionavam os alunos para ingressarem lá. Feito isso, recebeu um convite para assistir a algumas aulas e posteriormente ingressar na instituição de ensino.
No decorrer dos anos, após sua formação, Ricardo volta ao Brasil com muitas ideias, teorias e embasamentos para administrar uma empresa. O momento foi propício, pois a empresa fundada por seu pai, o austríaco Antônio Curt Semler, a Semco S/A estava passando por um período de crise, a ponto de chegar à falência. O momento da economia brasileira era instável, e o número de clientes diminuíra, ficando somente com os estaleiros para atender.
No começo, a empresa atuava na fabricação de centrífugas para a indústria de óleos vegetais. Já na década de 60, a Semco passa a atuar também na produção de Bombas Hidráulicas, bombas de carga, eixos e outros componentes da indústria naval.
Aos 28 anos de idade, quando Ricardo assumiu a presidência da empresa familiar, promoveu uma série de mudanças, não muito fáceis de serem aceitas pelo pai. Sob o comando do filho, a empresa passa a produzir nos anos 80 misturadores para indústria química, farmacêutica, alimentícia e de mineração, pois foi necessário diversificar os negócios da empresa, adotar novas estratégicas de negócios para sair da zona de perigo de falência. Então, em 1984, passaram a produzir equipamentos de refrigeração industrial, sistemas de ar-condicionado, entre outros equipamentos.
A forma como Ricardo pensa diante da gestão de uma organização provocou mudanças no estilo de direção de uma grande empresa. A partir de 1989, a Semco tem vários empreendimentos desenvolvidos com o conceito de unidades de negócios, o que dá mais liberdade e mais responsabilidade para os gestores e todas as pessoas da empresa. Para ele, é muito melhor gerenciar uma "equipe de 10", do que uma empresa de 1.000 funcionários, então reduzir o quadro de cada equipe, facilita nas atividades e monitorações de cada negócio, ao contrário de empresas que constroem grandes sedes, e fazem seus profissionais se deslocarem de um ponto da cidade ao outro todos os dias para iniciarem suas atividades.
O livro relata a paciência que o filho teve em respeitar as opiniões do pai e preservar suas ideias em relação ao comando de uma organização para com os funcionários. Ele queria combater o paternalismo, a maneira autoritária de lidar com os subordinados. Para ele, o talento das pessoas da empresa era algo que deveria ser valorizado e aproveitado para o crescimento organizacional e individual. De fato o poder de decisão do funcionário e sua capacidade de mudar e controlar as variáveis que mais afetam suas atividades é insignificante na empresa.
O livro enfatiza a questão das grandes empresas daquela época, onde copiam modelos de administração de empresas de sucesso, e isto já era ultrapassado, como também critica as condições de ensinos básicos e das universidades que apresentam as teorias "maçantes" para os estudantes e não o estímulo ao aprendizado contínuo e pesquisas. Daí, os profissionais acabam formando e ingressando em alguma empresa e nada mais, além disso. O profissional acaba ficando estagnado, e procura sempre as coisas mais fáceis e imitam modelos de gestão. Isso faz refletir muito na capacidade de cada gerente, aliás, como Ricardo disse: "de qualquer forma, há que se trabalhar em primeiro lugar os gerentes. São eles que comandam o sucesso ou fracasso da participação.”
Naquela época, início dos anos 90, as mulheres ainda enfrentavam muito preconceito, por isso dedicou um de seus capítulos para falar sobre a discriminação das classes sociais, negros, deficientes e mulheres. Pensando nisso, explorou uma maneira de ampliar a participação das mulheres na organização, então criou a I Convenção da Semco-Mulher, onde só participava mulheres, onde elas se reuniam para discutir melhorias para a empresa e para elas. E na ausência delas, tudo virava uma "loucura", uma desordem.
Outro fator fundamental mencionado no livro para a vida de qualquer empresário é a administração do tempo.  O tempo torna-se escasso para empresários que não sabem elaborar uma boa agenda, onde é necessário decidir o que é mais importante no momento, e o que acaba acontecendo nas empresas são as tarefas realizadas por gerentes que ficam a maior parte do tempo "apagando fogo", ao invés de dedicar parte do seu tempo em elaborar uma nova estratégia para os negócios.
Enfim, o autor teve uma visão futurista, apresentou vários aspectos praticados dentro de muitas organizações e defendeu muitas ideias que atualmente podemos ver em muitas empresas de sucesso.

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